terça-feira, 15 de maio de 2012

Aula de canto é uma enrolação

Foi isso o que um amigo músico e professor de inúmeros instrumentos musicais me disse outro dia. Mas ele não disse por sacanagem, ou por arrogânca ou nada do tipo, ele simplesmente expressou a opinião que teve após conhecer algumas aulas, e foi a mesma impressão que sua esposa teve quando quis se aventurar a cantar. Sim, muitas pessoas dizem e/ou pensam o mesmo.

"Aula de canto é muito abstrata" disse ele. Concordo, as aulas de canto eram muito abstratas quando a ciência vocal não havia se desenvolvido, afinal de contas, é difícil ver o instrumento (pregas vocais) funcionando.
A tecnologia avançou e nos possibilitou ver como as pregas (e não cordas) vocais vibram, outros equipamentos foram desenvolvidos, e estão em desenvolvimento, e finalmente agora começamos a entender como a voz é produzida e como ela é utilizada para o canto.
Muita coisa ainda está para ser desvendada, mas o que já se sabe é mais do que suficiente para direcionarmos as aulas de canto de uma forma mais concreta e funcional.

Certa vez um aluno me confidenciou que não gostava de fazer aula porque o professor pedia coisas como "cante para trás", "cante por cima da cabeça", "faça a voz sair pela testa como um raio", etc. e frases que não fazem o menor sentido até que você entenda o que é pedido, e na maioria das vezes a pessoa desiste de cantar por nunca conseguir entender, ele aacaba achando que o errado é ele, e não quem não consegue transmitir a informação de forma sensata.

Antigamente, quando não haviam os estudos mais específicos, o canto era guiado por sensações, como as citadas acima. Utilizavam figuras de linguagem (as metáforas já comentadas) para tentar controlar o que não conseguíamos ver ou não entendiam com certeza. Mas os tempos mudaram e hoje o mundo é mais prático, as aulas de guitarra são práticas, as aulas de bateria são práticas, as aulas de canto também evoluíram, elas não são (ou não deveriam ser) como antes.

As aulas de canto jamais serão enrolação quando cada momento for explicado e cada exercício vocal tiver sua função e não apenas vocalizes-retirados-de-livros-que-alguém-disse-serem-ótimos-apara-a-voz, ou exercícios de respiração que não se sabe o que ou pra que servem (coma a velha "respiração diafragmática", como se TODA respiração não fosse realizada pelo diafragma.), etc.
A aula de canto é para o aluno conhecer, formar e desenvolver seu instrumento de uma forma direta e real, respeitando sua fisiologia, seu tempo e estágio, seus interesses na música e principalmente sua inteligência, o aluno deve, e quer, saber o porque está realizando cada atividade. "Siga o mestre" não convence mais.

Um comentário:

  1. A ciência vocal mais uma vez justificando o trabalho dos ajustes vocais na pedagogia do canto. Demais! #TOP

    ResponderExcluir