terça-feira, 28 de julho de 2015

Formantes, ressonâncias, sintonização de vogais. Como utilizar? Parte 2

Esta é a segunda parte de um tecto que começou AQUI

Nosso trato vocal é capaz de criar vários formantes (que nada mais são do que ressonâncias), que são mostrados como picos dos parciais, mas normalmente estamos mais interessados nos 5 primeiros. Os dois primeiros, junto com o terceiro nos fazem identificar as vogais, os 3 últimos são responsáveis por alterar a “cor” (junto com a fonte glótica, não esqueça que os ajustes musculares na laringe afetam diretamente o som percebido também). 

Nós modificamos esses formantes alterando o comprimento do trato vocal e sua área (a posição dos articuladores), e a cada modificação teremos um timbre mais “claro” ou mais “escuro”, ou pensando em ciência, com maior ou menor reforço nos harmônicos agudos, respectivamente.
É importante atentar ao fato de que cada movimento no aparelho fonador altera a posição dos formantes (um dos primeiros ressonadores é o ventrículo laríngeo, uma cavidade formada entre as pregas vocais e as pregas vestibulares), o que implica trabalhar com eles você querendo ou não, sabendo que eles existem ou não, é apenas mais um dos inúmeros fenômenos que ocorrem na voz. E se eles estão lá, por que não conhecê-los? É mais uma ótima ferramenta que cantores e professores podem estar atentos, e estão, quando escolhem vogal, modificam posição de articulador, altura de laringe, etc..
 
Representação do tubo do trato vocal
e seus alargamentos e etreitamentos
que moldam os formantes e o som.
O comprimento do trato vocal é medido da glote (na altura das pregas vocais) até a saída dos lábios e/ou nariz e varia entre pessoas de diferentes tamanhos, sejam homens e mulheres adultos ou crianças, porém, nossa flexibilidade pode alongar ou encurtar esse comprimento, subindo ou descendo laringe, projetando os lábios para frente ou os abrindo em um sorriso.
Em termos práticos, quanto mais longo o trato vocal, mais grave os formantes (o chamado som “escuro”), e o contrário se aplica, encurtando o trato teremos formantes mais agudos (chamado som “claro” ou até “estridente”).

Já a alteração provocada pelas diferentes posições dos articuladores, e consequentes áreas no trato vocal tem uma variação mais complexa. O movimento de um único articulador, tende a alterar todo o conjunto de formantes, mas alguns deles são mais afetados que outros.

·         O primeiro formante F1 (garganta e faringe) se agudiza com maior abertura de mandíbula ou com constrição da faringe, ficando mais grave em aberturas menores.
·         F2 (boca) é predominantemente dominado pelo corpo da língua: Quando pressionamos a língua no palato duro (atrás dos dentes superiores) o segundo formante se eleva. Quando a língua pressiona na altura do palato mole (mais para trás da boca) F2 abaixa, especialmente se os lábios forem arredondados junto.
·         F3 sofre bastante alteração com a ponta da língua e o espaço que gera entre os dentes incisivos inferiores, diminuindo quando esse espaço aumenta, ou seja, deixar a ponta da língua encostada nos dentes de baixo eleva esse formante.
·         Os quarto, quinto e demais superiores são definidos mais pelo comprimento do trato vocal, porém o F4 ainda sofre bastante influência do formado do tubo da laringe, se mais amplo ou mais estreito.

Formantes em geral são reduzidos com alongamento (laringe baixa, lábios projetados para a frente) do tubo do trato vocal e aumentam com seu encurtamento (lábios estirados, como em um sorriso e laringe elevada).
Boca mais fechada reduz F1 e eleva F2, como na vogal /i/.
Constrição na faringe Eleva F1 e reduz F2, como na vogal /a/. 

Os picos dos 3 primeiros formantes
É graças a essas mudanças acústicas que um cantor consegue ser ouvido quando está a capella, e isso vale para a maioria dos cantos não amplificados, sejam eruditos ou populares, como os folclóricos ao redor do planeta. Graças a isso também uma voz pode soar “pra dentro”, “nasal”, “brilhante”, “abafada”, etc., e, como mencionado na parte 1, até mesmo interferir na vibração das pregas vocais, alterando os ajustes musculares.

Ainda não acaou, na próxima parte falarei sobre a sintonização de vogais para uma maior eficiência na voz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário