Vamos
falar primeiro sobre o que é drive.
Drive é
aquela “rasgada” na voz, aquele som distorcido que pode lembrar uma voz rouca
ou quase um latido de cachorro bravo, usado normalmente para dar maior
agressividade na voz, ou mais ênfase em determinado som.
Para quem
toca guitarra, é o mesmo nome do efeito que distorce o som, deixando aquele “chiado”
característico. Aliás nome para o drive é o que não falta (o termo "drive" só é utilizado no Brasil, fora você ouve raspy voice, creeky voice, distorted voice, sing with gravel, grip, etc.), mas não vou entrar
nesse mérito, o importante saber é que existem vários tipos de distorção, que vão variar de acordo com as estruturas que vibrarem fazendo esse "barulho".
Confira Jorn Lande, um ótimo exemplo de drives.
Mas engana-se
quem pensa que é uma técnica exclusiva do rock, heavy metal e da música pesada, o drive, chamado de desvio vocal pelos estudiosos da voz, também é muito comum no
blues, jazz, etc. você encontra em gospel, pop e
até mesmo na música sertaneja (vide Bruno e Marrone) ou folclórica de diversas
regiões do planeta, a música erudita também utiliza o drive como recurso estético, como na ópera "Tosca" de Puccini, quando morre Scarpia.
Atualmente
esse tema é estudado no mundo todo, por pesquisadores, cientistas vocais e professores de canto de vários países, como: Enrico
Di Lorenzo, Per Ake Lindestad, Daniel Zangger Borch, Cathrine Sadolin, Julian McGlashan, Melissa Cross, Jamie Vendera, Mark Baxter, Brian "Hacksaw" Williams e Guilherme Pecoraro e Ariel Coelho, brasileiros, além deste que escreve, e muitos outros ao redor do mundo, já com diversos artigos científicos e alguns métodos publicados. Muito tem se descoberto sobre o
assunto, mas ainda há muito o que se entender, e, respondendo a questão inicial, já se sabe que esses efeitos de distorção
vocal podem ser feitos sem prejuízo para a voz se forem feitos da maneira
correta, respeitando o estágio técnico e resistência de cada um.
Fisiologicamente,
essa distorção é causada pela adição de mecanismos que vão trabalhar acima das
pregas vocais, como as pregas vestibulares, pregas ariepiglóticas, a epiglote, cartilagens cuneiformes, palato, ou mesmo por uma vibração aperiódica (em ritmo irregular proposital) das pregas vocais. Quanto mais coisas vibrarem, mais distorcido fica o som, mais agressivo. Alguns são feito sem a utilização das pregas vocais, o que impede o som de ter melodia definida, enquanto outros mantém sua vibração, e as notas são cantadas normalmente,apenas adicionando os "ruídos", como um pedal de distorção de guitarra.
Hoje em dia podemos encontrar infinitos nomes para esses diferentes tipos de drives, o que pode confundir aquele que tenta aprender, pois vai achar um som com um nome em um método e com um diferente em outro. Infelizmente essas coisas não seguem um padrão, e dependem muito mais do marketing, da vontade de parecer inovador e de vender o peixe de cada um do que de qualquer outra coisa.
Hoje em dia podemos encontrar infinitos nomes para esses diferentes tipos de drives, o que pode confundir aquele que tenta aprender, pois vai achar um som com um nome em um método e com um diferente em outro. Infelizmente essas coisas não seguem um padrão, e dependem muito mais do marketing, da vontade de parecer inovador e de vender o peixe de cada um do que de qualquer outra coisa.
A pressão
de ar pode ser maior dependendo do tipo de distorção criadoo, mas não pode ser exagerada. O que causa dano é tentar
realizar esse som arranhando ou comprimindo a estrutura da laringe de forma
abusiva, o famoso “na raça”,com uma grande pressão de ar, ou com a estrutura sem condicionamento e resistência suficientes, mais do que nunca, nos drives, a conciência dos ajustes musculares é importantíssima, bem como cuidados gerais de higiene vocal e noção de quanto seu corpo pode ser exigido em cada momento.
na figura: as pregas vocais (vocal fold) com o músculo vocal, ou TA (vocalis muscle), as pregas vetibulares logo acima (vestibular fold) e a epiglote lá no alto (epiglottis) |
O ideal, segundo alguns pesquisadores, é
alternar momentos “limpos” com momentos “rasgados” poupando o mecanismo vocal e
evitando uma fadiga exagerada, pois sabemos que cantar com os músculos cansados
não é inteligente, assim como um jogador de futebol, que pede para ser
substituído quando sente que se houver esforço maior pode ter uma contusão
desnecessária.
O
importante é treinar e se preparar bem. Não tente pular etapas, não tenha pressa para desenvolver seus drives, isso sim é nocivo, pois esses efeitos precisam de um preparo físico mais elaborado, precisam de força e resistência que não surgem de uma hora para outra, e principalmente, precisam de uma capacidade de auto percepção e controle, que somente com uma técnica vocal apurada você consegue ter de fato.
Lembre-se, você não encontra sua voz, você a desenvolve, e o drive, como em todo o resto do estudo de canto, passa pelo processo de entender como faz, se adaptar, fazer com facilidade e só então fortalecer.
Lembre-se, você não encontra sua voz, você a desenvolve, e o drive, como em todo o resto do estudo de canto, passa pelo processo de entender como faz, se adaptar, fazer com facilidade e só então fortalecer.
Outra
pergunta comum a esse respeito é: Se é preciso uma anatomia privilegiada, uma
voz específica para realizar esse tipo de som? Claro que alguns cantores possuem vozes roucas ou características naturais que facilitam o trabalho, mas não, você não precisa ter "nascido para fazer drive", você precisa de um treinamento correto, consciência e paciência.
Angela Gossow, mostrando que até o drive mais "brutal" pode ser feito por qualquer um.
É uma técnica perigosa? Para quem faz errado cantar é perigoso, falar é perigoso, atravessar a rua é perigoso. O drive não é o problema, o que é feito antes dele é que causa os danos, se você canta com muita força e pressão, o drive só vai mostrar isso mais claramente. Condicione sua voz, trabalhe ela como um todo, e aí terá drive, saúde vocal e muita diversão!!!
O drive do Bruno do Marrone é bom?
ResponderExcluirRsrs
Cara, se ele gosta, se o público dele gosta, e não traz nenhum prejuízo pra voz dele, então da pra dizer que é bom, hehe.
ExcluirBruno do BeM é bruto demais
ResponderExcluirQuais são os danos mais graves ao exercer os drives desordenadamente?
ResponderExcluirOs mesmos de usar a voz de de forma inadequada em qualquer outro tipo de som. Não há nenhum problema que seja exclusivo das distorções. O que causa problemas é cantar uma coisa na qual vc não está preparado para fazer, independendo do que seja.
ExcluirQuais os cuidados para usar drive na voz?
ResponderExcluirOs mesmos necessários para cantar qualquer outra coisa, ou seja: saber o que está fazendo, não fazer além do tempo que você aguenta, não abusar da pressão de ar, se hidratar, descansar, aquecer, desaquecer e o principal, nada de dor!!!
Excluirtenho um amigo que treinava drive e sabia fazer muito top mas ai ele parou de cantar um tempo e agr doi pra ele fazer significa que trm qur treinar ou usar com constancia?
ExcluirIsso mesmo. Técnica vocal é como academia, se você deixa de treinar você perde condicionamento e controle. Fica a memória de como era, mas o corpo não responde da mesma forma, nessas horas é muito fácil cometer abusos.
ExcluirFala pro seu amigo retomar os treinos com calma e aumentando gradualmente o uso que tudo voltará a ser como era!