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terça-feira, 15 de maio de 2012

A história da voz e do canto - conclusões

A série de textos que conta o desenvolvimento das descobertas e técnicas do uso da voz e da fala que postei aqui no blog tem uma razão de ser, e ela é bem simples.

Muitos alunos ou interessados em aula de canto nunca treinaram, estudaram ou cantaram na vida e de repente resolveram que seria interessante começar, mas muitos deles acreditam, por ouvirem pessoas comentando, textos nos fóruns de internet, vídeos no youtube, amigo do amigo que falou, ou até mesmo "professor de canto" que disse que aula de canto não resolve, que para cantar é preciso nascer com o dom para aquilo, que é preciso ter um talento quase mágico para poder cantar bem.

Estudando a nossa história é possível compreender o porque dessa visão inatista que a arte em geral possui, e principalmente o canto. Por muitos e muitos séculos não se sabia como a voz funcionava, não se sabia de onde vinha e como poderíamos melhorá-la. Já culparam os deuses, demonios, os nervos, a força de vontade, a espiritualidade, a respiração, a capacidade de criar imagens abstratas e direcionar o som como se esse fosse um raio laser, um haduken, um meteoro de pégasus (ou um da paixão, hehe). Mas só mais recentemente que começaram a entender que a responsabilidade é da falta de controle que temos do nosso próprio corpo e a falta de condicionamento físico vocal.

Sabendo disso fica mais fácil entender que para cantar precisamos, em primeiro lugar, entender como nosso corpo trabalha e como podemos ajudar esse trabalho a acontecer e direcioná-lo para o que queremos.
Feito isso desenvolvemos a voz como um instrumento musical, que podemos ajustar, mexer aqui e ali, colocar efeitos, apromorar nossa técnica e por fim, usar essá-la como ferramenta para podermos expressar sentimentos e emoções de uma forma que toque aquele que ouve, que emocione quem for pego de surpresa pela nossa voz.

O talento para o canto é nada mais que a capacidade de compreender em que estágio desse controle corporal e vocal nós estamos e da força de vontade para não desistir de controlá-lo por completo. Não adianta ter pressa e querer pular etapas, o lado psicológico é determinante, o desenvolvimento é gradual e contínuo, se você não o atingiu é porque parou antes do que devia ou está seguindo pelo caminho errado.

Afirmo, com certeza, e a história e a ciência vocal vêm comprovando, que quem quer canta. Mas não posso dizer que será fácil ou difícil, isso depende de cada um. O papel do professor é ajudar e mostrar como o aluno pode trabalhar o que precisa, para isso o professor tem que se dedicar, estudar e entender que as coisas estão mudando e mudarão mais, mas quem vai ter que se dedicar mesmo é o aluno.
Conhecer a história também nos faz entender a visão ultrapassada de que o canto lírico seria a melhor, mais saudável e mais completa forma de estudar canto, portanto, que deveria ser o início de todo cantor. Se analisarmos os textos anteriores, veremos tratados sobre canto erudito desde o século XVI. Até o século passado, ninguém se interessava em pesquisar canto popular (como se fosse possível generalizar os ajustes utulizados em jazz, musical, rock, metal, sertanejo, gospel, blues, MPB, etc.), e esse período de dominação do canto lírico acabou gerando incontáveis preconceitos sobre o canto "não-lírico", e posso afirmar com alegria, que todos eles já foram quebrados pela ciência vocal, e todo professor de canto precisa estar atualizado para não disseminar ainda mais esses conceitos errados.

Lutar contra o senso comum é papel do bom pedagogo vocal e especialista em voz.

A história da voz e do canto - Parte 4/4

Foi Hirano, em 1970, quem considerou a existência de 3 registros vocais, o registro basal (fry), o modal, subdividido em peito, cabeça e médio (uma combinação dos outros dois) e registro leve (falsete). Em 1974, Hirano apresenta modelo analisando a influência da estrutura da prega vocal na produção do som, distinguindo o músculo e a mucosa (camada maleável que recobre o músculo vocal e vibra com a passagem do ar) e fazendo um elaborado estudo, referencia desde então.

Esquema da prega vocal de Hirano (à esquerda), com corpo (Músculo vocal ) e cobertura (Epitélio e Lamina Propria, camada superficial). Ainda existe uma camada intermediária, de transição (Lamina Propria, camadas intermedária e profunda)


No mesmo ano, o cientista Harry Hollien denominou os registros pulso (fry), modal e elevado (falsete), mas sem excluir a possível existência de outros registros, como o registro flauta (ou assobio, ou whistle)

A teoria osciloimpedancial (1982, Dejonckère) como Hirano, distingue na estrutura da prega vocal um corpo (músculo) e cobertura (mucosa) e a importância dessa diferença na oscilação da prega.

Nos anos 80, o CoMeT (Collegium Medicorum Theatri), organização internacional formada por médicos, cientistas, professores de canto e demais interessados na voz profissional artística (e que em 2012 realizou seu Simpósio em São Paulo) publicou que esses registros vocais não podem ser eliminados, sendo determinados fisiologicamente (gerados a partir de configurações musculares ocorrentes na laringe). Seus efeitos podem ser minimizados os explorados de acordo com o estilo musical cantado.

Agradecimento do CoMeT 2012, realizado em São Paulo


Desde então, cientistas como Ingo Titze (Alemanha) e Johan Sundberg (Suécia), vem publicando estudos cada vez mais elaborados mostrando a relação entre o funcionamento de músculos laríngeos e dos registros vocais, que independem do trato vocal, ressonância, ou qualquer outro fator. A ciência comprova algumas teorias e desmente mitos, como o que dizia que os seios da face (cavidades ocas dentro do crânio) serviam para amplificar o som. A tecnologia cada vez mais avançada, com medições acústicas computadorizadas, ressonâncias magnéticas, câmeras de velocidade ultra rápida ou exames menos invasivos utilizando eletrodos, facilita o estudo e o conhecimento da voz, auxiliando o trabalho dos professores de canto e cantores que resolvem se embrenhar nesse mundo que mistura ciência e arte, como imaginavam os gregos milhares de anos atrás.

A história da voz e do canto - parte 3/4

Em 1723 foi editado o tratado escrito por Pierfrancesco Tosi, cantor, professor de canto e compositor. Tosi era castrato (cantores que eram castrados quando jovens, antes da muda vocal, para preservarem a voz aguda – Assistam "Farinelli, il castrato". Filmaço) e escreveu para outros castrati (plural de castrato). E nele defendia o treino de ambos os registros e a união entre eles, creditando à falta deste treino a perda de “beleza vocal”.
Em 1741 Antoine Ferrein (1693-1769) comparou as pregas vocais com cordas de violinos, as rotulando como “cordas vocais”, nome usado (erroneamente) ainda hoje. Ele observou que as notas variam de acordo com as vibrações dessas cordas.

        Do filme "Farinelli, il castrato"

Os castratti eram sempre os destaques das óperas, com suas vozes de contralto e as vezes soprano. Aliás se pensarmos em classificação vocal, o tenores, em sua origem, eram aqueles que tinham a voz grave, que deveriam manter o som (do italiano tenere). Depois surgiram outras duas vozes, a dos Contratenores Bassus (que cantavam mais grave ainda, e se tornariam os baixos de hoje) e os Contratenores Altus (que cantavam mais agudo, e daí surgiram os contratenores falsetistas e os contraltos, que eram homens). Soprenos vieram da voz ainda mais aguda que OS contraltos. Mezzos, barítonos e contraltos sendo voz feminina vieram depois.

No final do século XVIII os autores já falavam em 3 registros vocais para as mulheres e 2 para homens.

Em 1816 Ludwig Mende (1779-1832) observou pela primeira vez a laringe de uma pessoa viva – uma tentativa de suicídio com pescoço cortado (tem que aproveitar as oportunidades).
Carl Lehfeldt, em 1835, disse que o falsete (aquela voz aguda de desenho animado) vinha de vibrações restritas às bordas das "cordas vocais".

Durante o século XIX muitas publicações surgiram, dando conta de inúmeros registros e tipos de vozes.
Com a teoria mioelástica, Johannes Müller (1801-1858) confirmou que a voz é produzida pela corrente de ar que vem dos pulmões acionando, de forma passiva, a vibração das pregas vocais.
Em 1814, Liskovius diz que o movimento das pregas vocais é horizontal, e não vertical como se pensava.

Foi em 1829 que Manuel Garcia II, com 24 anos, após ter de se aposentar dos palcos por abuso vocal, começou a lecionar canto. Anos depois ele teve a ideia de refletir a luz do Sol em sua laringe para poder observá-la com um espelho de dentista, e em 1855 apresentou seu laringoscópio, começava a evolução tecnológica no estudo da voz. Garcia foi renomado professor de canto e acumulou fama e fortuna.

O grande avanço tecnológico no século XX, mais precisamente à partir da segunda metade do século, facilitou o estudo científico e o conhecimento do funcionamento da produção vocal.

Surgiram, uma série de teorias sobre a fisiologia (funcionamento) da voz.

Na teoria neurocranáxica (1950, Husson) as pregas vocais são ativas e desassociadas do mecanismo de intensidade (pressão subglótica, ou pressão de ar vinda dos pulmões). De acordo com a prega vocal descrita por Goerttler, elas permaneciam fechadas e eram abertas pelos músculos tireovocal e arivocal, teoria que não foi comprovada. Para Husson a classificação vocal (tenor, baixo, soprano, contralto, etc.) de um cantor depende da capacidade do nervo recorrente entrar em ação, ele que puxa os músculos citados por Goetller, quanto mais vezes o nervo consegue ativat o músculo mais aguda a voz do cantor. A técnica vocal seria, então, baseada na capacidade de concentração do cantor, dando pouca importância à respiração ou controle muscular, era só pensar e se focar na ação que a voz fluía.

As teorias mucondulatórias (1962, Parelló) e mioelástica completada (1963, Van den Berg e Vallancien) notaram a importância da mucosa da laringe na fonação. A vibração da prega vocal é na verdade ondulação na mucosa que recobre as pregas vocais.

Em 1960, Cornut e Lafon, desenvolveram a teoria impulsional, onde 3 elementos influenciam no funcionamento laringeo: força no fechameno glótico (fechamento das pregas vocais), pressão subglótica (pressão do ar vindo dos pulmões) e força de atração das pregas vocais pela redução da pressão da passagem de ar (efeito Bernouilli). Para eles, as pregas não vibram como cordas de violino, mas alternando oclusões (fechamentos) e aberturas.

A teoria neuroscilatória (1968, Mac-Léod e Sylvestre) compara a laringe aos músculos das asas dos insetos.

A história da voz e do canto - parte 2/4

Estamos na Idade Média, nessa época (que ficou conhecida como a Idade das Trevas), o Oriente Médio se tornava o grande centro de conhecimento médico, e no século IX, Rhazes foi um dos maiores doutores muçulmanos, ele recomendava exercícios respiratórios e treinos vocais nas escalas musicais como terapia.
Outros grandes médicos da região se destacaram nos estudos da ciência vocal: Haly Abass, que descreveu a dupla função de respiração e fonação da laringe; Avicenna, o Persa, mais famoso médico árabe. Seu livro era referência mais de 500 anos depois de sua morte; Abdul Quasinu e Maimonides também se destacaram.

Enquanto isso na Europa Ocidental todo o estudo médico era consultado em Galeno, Hipócrates e Aristóteles (mencionados na parte 1), não havendo produção intelectual. Um dos poucos conceitos que surgiram foi que a laringe era derivada do coração, que lançava uma grande artéria até a garganta. Várias ilustrações da época retratam essa ideia.
Como opção de tratamento para eliminar corpos estranhos na garganta o paciente era pendurado pelos calcanhares para que esse tossisse o mal (não tente isso em casa).

A notação musical já havia se desenvolvido mais no final da Idade Média, possibilitando aos compositores desenvolver melodias mais elaboradas e inovações em suas escritas, exigindo cada vez mais dos cantores. Os maiores registros da época são de obras sacras, mas algumas canções populares sobreviveram graças ao uso desses temas como base para composições para a Igreja. 


      Laringe e perna desenhados por Leonardo Da Vinci

Com o Renascimento o homem voltou a ser valorizado, bem como a ciência e o conhecimento. Um dos grandes gênios da época foi Leonardo Da Vinci (1452-1519), que além de pintar a Monalisa e enriquecer Dan Brown, dissecou mais de 30 cadáveres em hospitais e lançou novos conhecimentos sobre anatomia, fisiologia e patologia do corpo e, o que nos interessa aqui, da voz humana.
A renascença foi a época de ouro do canto coral, arranjos elaborados e ricos em polifonias e contrapontos são cantados até hoje. (recomendo bravamente que você ouça Pierluigi da Palestrina, William Byrd, Clement Janequin, etc. Posso fazer um post no futuro recomendando alguns compositores antigos, se vcs quiserem).

Andrea Vesalius (1514-1565) se surpreendeu a achar erros no trabalho de Galeno (aquele do século II d.C.), e foi duramente criticado por isso (não tanto quanto Galileu Galilei que quase foi assado quando defendeu que a Terra não era o centro do universo, e sim o Sol, mas foi. Aliás, o pai de Galileu, Vicenzo Galilei, escreveu sobre o canto solo, dizendo que era o melhor para expressar sentimentos e emoções).

Lodovico Zacconi (1555-1627) notava diferença entre a "voce di petto" (voz de peito) e a "voce di testa" (voz de cabeça), recomendando aos seus cantores que preferissem o uso da voz de peito à de cabeça, que considerava “chata” e “irritante”, e muitos outros maestros e compositores partilhavam a mesma opinião, criticando a "voce finta" (voz fingida, falsete).

       O Barbeiro de Sevilha de Rossini

As denominações voz de peito e voz de cabeça vinham de sensações vibratórias que os cantores tinham quando entoavam o som de determinadas maneiras, quando sentiam vibrações no peito as chamavam assim, e o mesmo para vibrações em regiões na cabeça. Isso causou e ainda causa grande confusão quando se pede pra jogar ressonância no peito, ressonância na cabeça, etc. Veremos à frente que muita coisa mudou desde então.

Essas mudanças de qualidades de voz que sentimos quando vamos do grave ao agudo são chamadas de registros vocais.

Nos avançoes científicos:
Hieronymus Fabricius ab Acquapendente (1537-1619) declarou que o que produzia o som eram as pregas vocais e o espaço entre elas.

Giovanni Batista Morgagni (1682-1771) foi de extrema importância para o conhecimento da laringe. Caspar Bauhinu (1550-1624), Thomas Willis (1621-1675) e Claude Perrault (1613-1688).

Denis Dodart (1634-1707) comparou a voz a um trompete, afirmando que os tons eram definidos pela tensão dos lábios e suas estruturas internas.

Em 1600 temos a primeira ópera encontrada, Eurídice, de Jacopo Peri, membro da Camerata Fiorentina, um grupo de estudiosos nas artes e ciências em Florença, Itália, que teorizou o que seria o recitativo (trecho de ópera que é algo entre o declamado do teatro e o cantado das canções), inspirados pelas ideias dos antigos gregos, e aí começou a profissionalização do cantor fora da Igraja, que se viu obrigado a realizar proezas técnicas novas, escritas or aqueles pesquisadores da Música Contemporânea da época. E a dificuldade foi só aumentando.

À partir do século XVII, com o chamado bel canto das óperas italianas de Rossini, Bellini e Donizetti, o canto solo e virtuoso (técnico, difícil, rapido) foi mais desenvolvido.
Diversos tratados sobre técnica vocal foram escritos para este estilo, que atingiu seu auge no século XIX.

Nesta época, ciência e arte tentaram andar lado a lado em busca do “canto belo”, e as técnicas para conseguir cantar o que era proposto se desenvolviam. Óperas começaram a ser escritas pensando em determinado cantor, com suas vozes e características específicas, o que tornavam as músicas incríveis, porém a execução por outras pessoas muito mais complexas.

A história da voz e do canto - parte 1/4

Baseado em pesquisa de Hans Von Leden, François Le Huche e Glaucia Laís Salomão.

Primeiro post de uma série de textos contando um pouco da história da voz e do canto e de como o homem foi descobrindo o funcionamento vocal.

No início do conhecimento, o homem explicou os eventos à sua volta como sobrenaturais, mágicos, religiosos, e, assim como a arte, ciência, poesia, a voz também era vista da mesma forma.
Egípcios acreditavam em pulmões com poderes mágicos, mas não tinham noção de sua relação com a voz. Na antiga Babilônia (2000 a.C.) acreditavam que demônios eram os responsáveis pelas doenças (não é uma novidade de programas noturnos de TV), o demônio Namtary era o responsável por problemas na garganta.

       Demônio da Babilônia

Na Grécia Antiga os filósofos surgiram com suas observações, deixando o misticismo de lado e buscando utilizar o pensamento para entender o mundo. No século V a.C. , Hipócrates descrevia qualidades e defeitos na voz, como rouquidão, aspereza, etc., faringe e laringe eram sinônimos e ele especulou sobre o possível papel dos pulmões na voz, lábios e língua estariam envolvidos na articulação.
No século III a.C. Aristóteles foi além, percebendo que vogais e consoantes eram produzidas de forma diferente e imaginou que a voz fosse produzida na traqueia e na laringe pelo impacto do ar. Aristóteles localizava a alma no coração e pulmões, e nesta época surgiu a frase usada até hoje: “A voz é o espelho da alma”.

Nessa época não haviam notações musicais, como as que conhecemos hoje, nas partituras,muito menos registros fonográficos (CDs, LPs, MP3, etc.), portanto, não há como saber ao certo como era o canto e a música da época, mas encontramos algumas suposições baseadas em documentos encontrados, que são bem interessantes, apesar de dificilmente serem reais, ou ao menos perto da realidade.

Em Roma, no século II d.C. Caelius Aurelianos inclui um capitulo sobre rouquidão e os efeitos dos abusos vocais em seu livro médico. Mas o maior interessado em doenças da laringe foi Claudius Galeno (131 d.C.-220 d.C.), considerado o criador da laringologia (estudo da laringe). Foi o primeiro a descrever a laringe com 3 cartilagens, alguns pares de músculos, e comparou o instrumento a uma flauta, chamando a de principalissimum organum vocis.
           Ilustração de Claudius Galeno

Então veio a Idade Média (xiiii), com as revelações de padres e da Igreja Cristã, que detinha todo o conhecimento e ditava as regras. Mulheres não podiam cantar nos corais nas igrejas e homens e crianças eram responsáveis pelas vozes mais agudas.

São Brás restaurava as vias respiratórias de crianças, e até hoje em sua memória é feita a benção nas gargantas nas igrejas católicas.
O conhecimento sobre a voz humana não avançou nesta época, assim como ciência alguma, mas papas frequentemente se tornavam patronos das artes. Gregório (o do canto gregoriano), no século XVII se interessava pelo canto e o monge Guido d’Arezzo, ficou conhecido por nomear as notas musicais (Ut - originalmente no lugar de Dó - Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si).

Os nomes das notas foram retirados do hino de São João Batista:
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famulli tuorum
Solve polluit
Labii reatum
Sancti Ioannis
Tradução: "Para que os teus servos possam cantar as maravilhas dos teus atos admiráveis, absolve as faltas dos seus lábios impuros, São João”.

Tomando lugar da antiga nomenclatura A, B, C, D, E, F, G (respectivamente Lá, Si, Dó, RÉ, Etc.) que é usada ainda hoje em países de língua anglo-saxã como EUA e Alemanha (que ainda usa o H para Si e B para Si bemol, mas essa é uma outra história).